"Uma matemática que escreve poesia, um marceneiro que contrói os seus baixos e um músico de verdade entram num bar..."


Até Que a Sorte Nos Separe
Tens de querer saber mais
Pagar mestrados com cristais
Aprender dos que os acham banais
Mas esses são sábios mentais
São só sábios mentais
São sábios mentais
Eles são sábios mentais
Trabalha para quem não crês
Mas se te pagam talvez
Umas três migalhas por mês
Então que acabe o pão de vez
Que acabe o pão de vez
Acabem com o pão de vez
Acabem com o pão de vez
Dizem que não há ninguém
Que se case com alguém
Só pela amizade que têm
Mas o amor não me convém
O amor não me convém
O amor não me convém
O amor não me convém
Que dês à luz outros como tu
Nascidos de espírito cru
Mas nunca é ele que se conduz
Que o acaso é falso
O acaso é falso
O acaso é falso
O acaso é falso
Vivemos mal assim
Até que a sorte nos separe
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte?
E se a sorte (se)pára?

Um Gordo e um Magro (entram num bar)
Em conversas de sexta à noite
Atiram-se verdades ao balcão
Por um homem magro e urgente
E outro de copo cheio na mão
Já!
Eu quero tudo já!
Que só oiço ponteiros sorrindo
De cá para lá, de lá para cá, de cá para lá
Não!
O tempo é para esperar!
E aquele que tenho a mais,
Guardo como recordação
Aahhh, eu não sei de ninguém
Aahhh, que se conheça tão
Bem
Eu não sei de ninguém
Aahhh, que se conheça tão!
Um gordo e um magro entram num bar
E em conversas de ocasião
O magro comprou-lhe o tempo
E prometeu-lhe uma canção
Já!
E ele quis tudo já
E os ponteiros de cá para lá, lá para cá
Não!
O prometido é de vidro
Já que quem bebe ficou sem recordações já não há canções
Sem recordações, já não há canções
Sem recordações, já não há canções
Sem recordações, já não há canções
Aahhh, eu não sei de ninguém
Aahhh, que se conheça tão
Bem
Eu não sei de ninguém
Aahhh, que se conheça tão
Bem
Sem recordações, já não há canções
Sem recordações, já não há canções
Sem recordações, já não há canções

Ameia
A meia que não faz falta
A meia que furou
A meia que se parte já alta
E a meia que durou
A meia que não serve
A meia que não vende
A meia que compromete
A meia que não sente falta
A meia que não faz falta
Que furou
A meia que se parte
E a que durou
A meia que não serve
Não vende
Nao compromete
Aquele que a compra e no fim repete
A meia meia preta é a que fica na gaveta
E não há ninguém que a meta
Porque é meia da treta
É meia sem par
É meia sem par
É meia sem par
Ameia
Ameia
Ameia que não tem par
Ameia que não tem
A meia que não faz falta
A meia que furou
A meia que se parte alta
Que não serve não vende e durou
A meia meia preta é a que fica na gaveta
E não há ninguém que a meta porque ela é meia da treta
Ela é meia da treta
A meia meia preta é a que fica na gaveta
E não há ninguém que a meta porque é meia da treta
Ai é meia da treta
Ela é meia da treta
Estou meia sem par
(Estou meia sem par)
Estou meia sem par
(Estou meia sem par)
Estou meia sem par

Sorte
Já contei a toda a gente
Mesmo que só na minha mente
Mas a sorte não me quer ver
Já mandei tantos sinais
Se não chegam compro mais
Mas a sorte não me quer ver
Fiz uma lista do que quero
E numa sombra fresca espero
Mas a sorte não me quer ver
Queixei-me com força de mulher
Não tenho força que chegue
E a sorte não me quer ver
Deixei o carro desengatado
Para engatar com mais agrado
Mas a sorte não me quer ver
Comprei roupas caras para olhar
Que não uso para não estragar
Mas a sorte não me quer ver
Tentei tudo o que não dói
Mas o que quero não se constrói
Porque a sorte não me que ver
Listei as coisas que não tinha
Para me lembrar não as ter
E se há sonhos que queira
Espero sentada não os querer
Listei as coisas que não tinha
Para me lembrar não as ter
E se há sonhos que queira
Espero sentada não os querer
(Ela não me quer)
Porque a sorte ela não q’
Ela não me quer ver
(Ela não me quer ver)
Porque a sorte ela não q’
Ela não me quer ver
(Ela não me quer)
…La, la la
Ra, la la
Ra, la la
Ra, la…
Digam-me sou só eu a quem
A sorte não quer ver
E eu tento de tudo que não me canse muito
E estou à espera que dê fruto, mas não dá
Porque a sorte não está cá.
É uma sorte de merda
Que me calhou agora.
É macaca, é mesmo macaca.
A sorte saiu cara e deu mais cara que nada.
É uma sorte de merda que me calhou agora.
Foi assim desde miúda, que esta sorte não me cura.
E eu gritava,
E eu chorava,
Mas ninguém me ajudava.
Porque a sorte não lá estava.
Vou-me embora.
A ver se a sorte melhora.
Que não dá para deitar fora a que me calhou agora.
É uma sorte de merda que me calhou agora.

Nada Pr’a Ver
Deixo em papel de escrever
As conclusões que tirei
Dos anos que passei sem viver
A pensar onde os gastei
Quem vai andando a pé
Só foge de onde não está
E o que passou é isso que é
O que aí vem é isso que será
Há poucas notas que tire agora
Desenhos falam melhor
E os detalhes que ficam de fora
Os que me põem pior
Escrevi, que quem anda ao calhas
Encalhado está
E os livros desses sem falhas
São os calhaus que há
Não há aqui nada p’ra ver
Isto só dá que falar
E se assim tiver de ser
Mando os meus papéis ao ar
Não há aqui nada p’ra ver
Só há coisas para assustar
E se fugir sem correr
Só se tem a ganhar
Escrevi, que quem anda ao calhas
Encalhado está
E os livros desses sem falhas
São os calhaus que há
Escrevi, que quem anda ao calhas
Encalhado está
E os livros desses sem falhas
São os calhaus que há
Não há aqui nada p’ra ver
Isto só dá que falar
E se assim tiver de ser
Mando os meus papéis ao ar
Não há aqui nada p’ra ver
Só há coisas para assustar
E se fugir sem correr
Só se tem a ganhar

Vida de Gordo
Vida de gordo
Que sempre
Há-de comer
Tanto quanto gordo
Ele possa ser
Agora que sou magro
Mereço o que tento ter
Não sei o que faço
Mas estou sempre a emagrecer
A minha rua está mais larga com mais gente para falar
Talvez alguém me traga
Algo que me faça voltar
À minha
Vida de gordo que sempre
Há-de comer
Tanto quando gordo ele
Possa ser
E se lhe falta o que
Pôr na colher
Há sempre alguém a quem roubar o que der
Não quero cores mais vivas
Nem momentos de prazer
Quero um bife da vazia
E uma barriga a crescer
Não quero uma vida cheia com mais tempo prá viver
Quero que volta e meia
Eu nem me consiga mexer
E a minha
Vida de gordo que sempre
Há-de comer
Tanto quando gordo ele
Possa ser
E se lhe falta o que
Pôr na colher
Há sempre alguém a quem roubar o que der
Vida de gordo!
(Ah e a minha)
Vida de gordo!
Vida de gordo!
(Ah e a minha)
Vida de gordo!
…
Oreos com chocolate
Nachos panados com pão frito
E toucinho do céu hummm
Toucinho do céu
Toucinho do céu
Aahhh toucinho do céu
Maçã assada no forno com óleo de girassol
Em banho Maria
De croquete
E toucinho do céu

Elidea
Sou Elídea todo o dia
Ana depois do jantar
Mas quem ele de mim queria
Já não deve voltar
Tomou por garantido
O que por acaso teve
E agora foi-se embora
Quem nunca cá esteve
Quem nunca cá esteve
Quem nunca cá esteve
Quem nunca cá esteve
Quem nunca cá esteve
Saia a quem saia
Mãe alfa pai beta
Assim que a noite cai
Sou só Ana Alfa Beta
E à Elídea sincera
Roubaram-lhe o meio termo
Quem tanto a quisera
Há-de lembrá-la sempre
Há-de lembrá-la
Mas pouco importa sinceramente
O que é bom morre sempre
Pouco importa sinceramente
Mas pouco importa sinceramente
O que é bom morre sempre
Pouco importa sinceramente
Mas pouco importa sinceramente
O que é bom morre sempre
Pouco importa sinceramente
Mas pouco importa
O que é bom morre sempre
Pouco importa
O que é bom morre sempre
O que é bom morre sempre

Cão
Sonha um cão e sua bola rota
Pede ao cão que a imagine como nova
Diz-lhe que a leve e mostre a toda a gente
Que dance enquanto lhe empatas a mente
Criaste um cão que tem tudo
Com tudo o que lhe podem dar
Mas vais roubar-lhe o mundo
Assim que queiras
Acordar
Acordar
Pára de lhe dar um mundo
O único que ele conheceu
Pára de sonhar tudo
Que o cão
Sou eu
O cão sou eu
Que o cão sou
Que o cão sou
Que o cão sou
Que o cão sou eu
Que o cão sou eu
Que o cão sou eu